Minhas duas melhores amigas...

Saiu meio sem querer. Natural como tudo nela. Depois ela olhou para todas e tentou explicar-se. Não conseguiu. Alguém brincou, tentou transformar tudo em uma gafe engraçada, descontraiu. Ela pensou que toda brincadeira tem um fundo de verdade. E ficou com aquilo na cabeça, remoendo, remoendo, remoendo, até dormir. Preocupou-se em que elas pensassem que não gostava delas, ou não gostava o tanto que gostava das duas. Medo de ter sido mal interpretada. Medo de ter sido realmente compreendida. Uma, amiga de sangue, outra, amiga d’alma. Mas como tudo que tocava e falava, tudo era incrivelmente transparente e por mais que temesse em magoar alguém, a realidade é visível a olhos nus e corações abertos: são, sim, as duas melhores amigas. Uma a viu crescer, criança, conhece seu passado, o que a vida lhe trouxe e como trouxe tão cedo, como reagiu a responsabilidades que a priori não lhe caberiam naquele momento. A outra a conquistou com um olhar, inspirou-lhe confiança, cativou-lhe o coração por se reconhecer nela, alguém que ama desmedida e profundamente e que em nome desse sentimento foi capaz de tomar decisões que modificaram por completo sua vida e seu futuro.

Engana-se ela se pensa que magoa as outras. Vê-la falando daquele jeito é a confirmação da imagem que transmite: transparência. E isso não diminui o que elas, que não são as duas, sentem por ela. Não. É inerente ao ser humano procurar espelhos, procurar no outro seu reflexo, procurar o complemento também. É inerente no ser humano amadurecer, nem que seja a duras penas, a duras quedas e duras vitórias. Entender que o coração não é mandado, não subordinado e nem orientado. Por mais que se tente, é livre. Ele sim manda na mente, nos olhos e na fala. E isso explica a reação. Explica “minhas duas melhores amigas...”

Falta a ela a certeza que não perdeu as outras amigas. Talvez porque tente procurar o porquê não perdê-las diante de tal fala. Mas falta mesmo razão. Ou quem sabe exista alguma lógica incompreensível no motivo pelo qual se gosta de alguém. Mas para que compreender? Por que o ser humano busca tanto compreender? Por que não basta só sentir?

Se sentisse veria que o que une ela a todas elas é extremamente forte e significativo. Mesmo que cada uma não saiba exatamente tudo que ocorre com ela, nem conte também tudo. Mas encontra o sentido apenas no rir junto, estar perto, pensar nas mesmas coisas, dançar e escutar músicas, rir de “filosofações” e pensamentos perdidos, ocupar-se da vida da outra, dar apoio quando se precisa, ser mãe quando se necessita, preocupar-se com a felicidade que não seja única e exclusivamente sua ou ser apenas alguém, ao lado, calada e quieta, para que nunca se pense estar sozinha no mundo.

Te amamos!

You were always there for me

The tender wind that carried me

A light in the dark shining your love into my life

You've been my inspiration

Through the lies you were the truth

My world is a better place because of you

(Celine Dion - Because You loved me)