quinta-feira, 31 de julho de 2008

I'm six feet from the edge and I'm thinking

(trilha Sonora – One Last Breath, Creed)

Mão trêmula. Nem se sabe o que está a frente. Olhos embaçados. A lágrima é quente pelo rosto. Caminha e caminha. As pessoas ao redor, poucas, nem notam que não há direção nos passos, não há destino, há apenas a vontade de ir e tudo se explicar. E que ela chora. Desiludida. Ou iludida.

... Está tarde. Não era hora para ninguém estar ali, fazendo Cooper. Perigoso. Do shopping para ponte. Alguns milhares de metros. Talvez tempo suficiente para acalmar. Não, não foi aquilo que se viu. Não foi o que se ouviu. Não quer acreditar...

Ontem, ele era o bom, o tímido e sincero. Cara de quem quer colo, de quem quer ser cuidado. Sorrindo. Não transmitia confiança e sim uma sensação de que precisava ser cuidado. Sorrindo piscava, olhava para o lado, não encarava. Estava tão claro, mas cega e encantada, deixou-se levar.

... Carros rápidos. Limite 70km. Motorista extrapolando, sem medo dos pardais que quietos, no cantinho, estão a filmar e congelar toda insana desventura no volante. Pagarão depois por toda essa liberdade. A essa hora, aquela avenida. Queria estar dentro de uma daquelas máquinas, pressionar o pé até não sentir o contato com o asfalto e correr, correr... Vento frio. Velocidade.

Estúpida, tantas já passaram por isso. Julgava-se a mais esperta e experiente. Experiente... nem tanto... A prática raramente coaduna com a teoria. Enganada.

Lembrou-se. Várias coisas. Vários momentos. Vários detalhes. Sobrancelhas. Rajas nos olhos. Mel era sua cor. Sinal acima da boca. Delicado. Lábios rosados. E o sorriso... Arrepio quando se aproximava. Sentir o hálito. A respiração. A mão deslizando do ombro para o braço. O abraço.

... Buzinas. Silêncio insuportável. O surdo barulho do rio. Escuridão na margem. Não há sequer a preocupação de estar sozinha, a essa hora, andando na avenida, ao lado de um rio de onde tantas vezes a violência surgiu, puxando cordões, celulares e relógios. De tanta tristeza, se alguém viesse interromper seu desesperado caminhar, daria-lhe tudo. Relógio, celular e colar. Pediria que lhe arranhasse o pescoço, marcasse seus pulsos e leva-se sua vida embora. Naquele momento, nada mais lhe servia. Tudo havia acabado.

Desespero. Porque tanta ingenuidade? Porque o coração respondia ofegante a presença dele, batia inquieto dano a impressão que qualquer um o notava incontrolável dentro do peito? Porque a mente dava sentidos tão fantasiosos ao que antes acontecia, a ponto de acreditar que a união dos dois era coisa escrita em outras vidas, em outros mundos?

... O balão na base da ponte. Ao longe a imagem do índio morto sobre a lança do bandeirante. Homenagem ao índio morto ou orgulho dos desbravadores e sua sangrenta missão? Mártir o índio? Herói o bandeirante? E o culpado? Seria ela, aquela que caminha incerta, qual dos dois?

Aquele que não se importou com os meios até conseguir seu fim, mesmo sabendo que após o triunfo, a derrocada viria, a alma pesaria, mesmo vitorioso em sua obstinação? Ou o outro que sucumbiu em proteger o mundo que conhecia, em proteger dos alienígenas que distantes do espírito de sua terra, a violentava e derramava sangue de sua gente? Mas, será que esse específico índio, aquele determinado índio que jaz e é figurado por tais esculturas de ferro, seria tão inocente assim?

Quem por fim determinou ser a luta de um, mais justa que a do outro?

Quem disse que o perdedor é sempre o errado da história?

Quem disse que o vencedor não mereceu a vitória?

E a iludida, quem disse que nunca ludibriou ninguém?


[continua...]

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LIGA DA JUSTIÇA

A liga da justiça traduz a amizade de pessoas que ao longo de uma convivência de 6 anos tornaram-se companheiras de uma vida.
Algumas se amaram logo de cara, outras se revelaram maravilhosas apesar da 1° impressão, e outras, mesmo tendo se afastado fisicamente, continuam sendo essenciais.
Mas o mais importante é q apesar de todos os conflitos, as diferenças e os desencontros permanecemos cada vez mais unidas.
Por tudo aquilo que passamos, pelas lágrimas que choramos nos ombros umas das outras, pelos amores perdidos e ilusões destruidas que só se tornaram suportaveis pq dividimos, por todas as risadas na hora errada, por todas as cachaças que bebemos, por todo o apoio que nos demos, quero dizer muito obrigada à todas e trazer esse blog como mais uma forma de nos mantermos ligadas...e tb ter aquela famosa DR que eu tanto gosto...rsrsrsrsrsrs